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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

08/10/2018 - 14h51min

Daniel Andriotti

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A Hora do “Confirma”

Nos últimos dias as expressões mais faladas foram: “chega de corrupção”; “...pela saúde”; “...pela educação”; “...pela segurança pública”. Assim como as palavras: “renovação”; “seriedade”; “honestidade”. Por favor, politicalha: ninguém aguenta mais tanta hipocrisia, falsidade e cinismo. Quem de nós, hoje, acredita nisso?

E o Brasil que eu quero? Quantas pessoas gravaram videozinhos pedindo tudo isso de novo? Tudo sempre igual: saúde, educação, segurança pública, seriedade, conclusão de obras públicas inacabadas. E então, a emissora que propôs e divulga pensa fazer um grande favor à audiência mostrando um monitoramento de quantos pediram o quê... Para quê? Se quem tem o poder de decisão sobre todas essas súplicas está totalmente de costas para a sociedade, dando risadas de todo esse teatro?

Sabemos – talvez melhor do que ninguém neste mundo – que a corrupção é um fenômeno social que corrói as bases da democracia, distorce processos eleitorais e instabiliza a economia, entre outros estragos e flagelos. No Brasil é praticamente um problema crônico. Precisamos admitir que a corrupção – mãe de todas as misérias – se tornou mais intensa com o capitalismo (parece papo de bixo grilo da esquerda ortodoxa venezuelana. Mas não é...). A verdade é que o enriquecimento ilícito de autoridades é a mãe das principais causas dos problemas sociais que o Brasil enfrenta. São esquemas onde corruptos e corruptores saem favorecidos em detrimento da população honesta. Subornos, propinas e fraudes são esquemas articulados a partir de um jogo político praticado no tabuleiro de um Estado mal estruturado, burocrático e incompetente, amparado por uma legislação recheada de entrelinhas e recursos jurídicos.

A corrupção em si tem três motivações. A primeira delas é bem conhecida: enriquecimento pessoal. Se há dinheiro, o ser humano fica tentado a tomá-lo para si. Mas vamos ser otimistas e pressupor que há pessoas que ficarão menos tentadas. Outras, no entanto, serão mais propícias à desonestidade e à facilidade de se apropriar de dinheiro público. Essa motivação, portanto, é a mais difícil de ser neutralizada; necessita de uma mudança cultural de longo prazo, e ainda assim não é possível garantir que funcione.

A segunda motivação – comum no Brasil – é a governabilidade. Políticos e partidos se apropriam de recursos públicos, distribuem diferentes valores entre os seus aliados e mantêm o fluxo de dinheiro roubado em troca de apoio político. Isto é um produto do nosso presidencialismo, no qual o chefe do poder executivo precisa do poder legislativo para governar, mas o sistema multipartidário do Congresso não permite a formação de uma maioria (e ainda que o fizesse, não há garantia de que seus interesses fossem defendidos em plenário). Embora o presidente tenha diversos outros modos de formar uma coalizão (distribuição de Ministérios e outros cargos, por exemplo) e de governar (através das famigeradas medidas provisórias), temos visto repetidos governos dependentes de mensalões para garantir apoio legislativo.

A terceira motivação para a corrupção é a da sobrevivência e da perpetuação no poder. Cada vez mais, a forma como as ideias são transmitidas durante o governo e principalmente durante a campanha eleitoral é decisiva para a vitória. Campanhas custam muito dinheiro, sabemos. Quanto mais gasta um partido, mais o outro tem que investir para acompanhá-lo. E agora, mais do que sempre, as fontes de renda dos partidos não parecem ter fôlego suficiente para eleger seus candidatos. E então, alguém tem que pagar essa conta. Adivinhe quem?

Pense nisso antes de apertar a tecla “confirma”...



Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 5/10/2018.

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