Gazeta Centro-Sul
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25/06/2018 - 14h17min
Daniel Andriotti
Ursos e Calopsitas
Foi sofrido contra a Costa Rica? Claro que foi. Como também foi contra a Suíça e assim será até o fim, seja lá contra quem for. Se na várzea qualquer ignorante sabe que não há mais bobo no futebol, não será numa Copa do Mundo que vamos encontrá-los. Essa tem sido uma Copa mais do mesmo. Ainda não vi nenhum “bicho papão”, nem esquema tático revolucionário. A última surpresa desse naipe que registrei em Copas do Mundo foi a do carrossel holandês de 74. O único jogador até agora que mostrou o que realmente se esperava dele é Cristiano Ronaldo; e um crédito para Modric, o 10 da Croácia e do Real Madrid. Enquanto isso, no time do Brasil, a seleção do Neymar virou a seleção do Philippe Coutinho...
O futebol sul-americano patina na Rússia. Quase agoniza. E isso talvez explique o porquê do Brasil ter ido ‘tão bem’ na segunda metade das eliminatórias. O menos pior até agora é o Uruguai. E com ressalvas porque jogaram duas partidas – bem ‘meia boca’ – mas, enfim, venceram as duas. E nós não. Enquanto que a Argentina – sempre cotada como favorita – está quase eliminada. Peru e Colômbia foram simplesmente Peru e Colômbia. De onde menos se espera é que não sai nada mesmo...
A leitura que faço sobre aquele topete espalhafatoso do Neymar no jogo de estreia é que ‘aquilo’ representa uma certa falta de comando no vestiário. E isso, sim, pode fazer com que se ‘disperdice’ uma Copa do Mundo. Tite é do tipo ‘paizão’. Minimiza tudo. Simplifica. Não se indispõe com ninguém. É amigo fiel de todos. Desde o craque milionário até o zelador que varre o vestiário. Penso que Tite deveria reunir o grupo e dizer: “depois de campeão do mundo, cada um pinta o cabelo da cor que bem entender. Antes disso...”.
Que Neymar está entre os melhores do mundo, a gente sabe. E é claro que aquele pé direito dele ainda dói. E muito. Mas contra a Suíça ele voltava a disputar um jogo ‘valendo’ após uma cirurgia que lhe afastou do futebol por três meses. E era o primeiro jogo do Brasil numa Copa depois que os últimos dois foram os 7 a 1 pra Alemanha e os 3 a 0 para a Holanda, em casa. E isso, por si só, já despertaria a atenção do mundo para a única seleção que participou de todas as Copas. Não precisava direcionar o foco dos holofotes para aquele cabelinho. Se naquele jogo ele ‘arrebentasse’ em campo, com arrancadas de puro talento; dois gols e assistência para outros dois... tudo bem. Ninguém notaria a sua franjinha de calopsita. Mas não. Ele preferiu investir no marketing errado. Na hora errada e no lugar errado. O ego e a marra falaram mais alto. E Tite permitiu. Menos mal que o ‘choque de realidade’ o trouxe de volta ao mundo, corrigindo a vaidade a tempo para o jogo contra a Costa Rica. E o choro do final deste jogo foi para fazer o papel de Thiago Silva...
Messi até pouco tempo era discreto. Agora, passou a descolorir a barba e tatuou todo seu braço direito. Cristiano Ronaldo, por exemplo, também exagera nos cuidados com o cabelo. Usa brincos. Faz a sobrancelha. É vaidoso como todos os outros. Mas não tem tatuagens. E outro dia o vi concedendo uma entrevista onde explicava o motivo de não tatuar o corpo. Ele disse que é porque doa sangue e medula regularmente. Três a zero para o CR 7. Dentro e fora das quatro linhas.
E como brasileiro faz brasileirices em qualquer lugar do mundo, a vergonha alheia vai para os ‘pseudo-engraçadinhos’ que se aproveitaram da falta de compreensão das russas ao nosso idioma e as submeteram às gracinhas grotescas e vergonhosas em português chulo para vídeo viral. Vladimir Putin deve pensar seriamente em deixá-los algum tempo na Sibéria, onde a temperatura pode chegar a 40 graus negativos, cercados por ursos famintos. Eles vão ver o que é cor-de-rosa. Choque!!!
Daniel Andriotti
Publicado em 23/6/2018.
