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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

04/06/2018 - 14h31min

Daniel Andriotti

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Rambo e Rombo

Essa foi uma semana para fazer novos amigos. Onde? Na fila dos postos de combustíveis. Eu, por exemplo, na segunda-feira à noite, tive o desprazer de ficar exatas quatro horas para colocar R$ 100 reais de gasolina. Pior: isso deu pouco mais de 21 litros. E ainda tive amigos ‘me alertando que agindo assim eu estava traindo o movimento’. Ok. O meu movimento pessoal é não ter de deixar o carro na garagem para ‘tentar’ usufruir do caótico sistema de transporte coletivo brasileiro – que quando não há paralisação já vive em colapso. Nem táxis nem os carros de aplicativo estavam atendendo. Uma mostra do quanto é ruim viver num país como a Venezuela. Ao contrário do que muitos pregam...

Mas ‘na fila do posto’ conversei com muita gente. O ambiente é cordial – exceção seja feita quando alguém fura a fila com várias bombonas enormes nas mãos numa típica atitude ‘jeitinho brasileiro’ de resolver as coisas. Para colocar no carro? Não. Para revender com ágio e talvez com um pouco d’água. Mas, enfim: boas risadas, chimarrão compartilhado, aquele empurrãozinho no carro quando a fila anda (poucos são os que ligam o motor para avançar) e a tradicional constatação: “quem diria que chegaríamos nesse ponto?!?!?!”.

A Petrobrás, sabemos bem, foi saqueada por gangues multipartidárias. O reajuste diário dos combustíveis era o caminho para um possível saneamento desse rombo. Rombo 1, no caso. No entanto, o Presidente da República, para aliviar a tensão dos últimos dias e retomar a vida como ela é, atendeu a pauta de reivindicações ‘dos caminhoneiros’ reduzindo em R$ 0,46 o preço do combustível nas refinarias. Com isso, o rombo 2 para ela, a Petrobrás, será de R$ 13,5 bilhões. Não se iluda, leitor, que esse dinheiro cairá do céu...

Há dois filmes americanos – com mais de 50 anos cada – que parece ter cedido seus roteiros para o movimento que parou o Brasil nessa semana. O primeiro deles é “Fist”, com um Sylvester Stallone antes de ser possuído pelo Rambo. Stallone interpreta Johnny Kovak, um trabalhador de armazém de Cleveland que se envolve na liderança sindical da “Federação de Inter Estado Caminhoneiros”. Ele sacrifica seus princípios para se projetar e expandir sua influência. O filme é vagamente baseado no sindicato Teamsters e seu ex-presidente Jimmy Hoffa. O outro filme é exatamente “Hoffa”, com Danny DeVito e Jack Nicholson no papel do próprio Hoffa, um líder sindical que desaparece misteriosamente depois de se envolver com a máfia, muito embora seu desaparecimento tenha sido debitado na conta do presidente Kennedy. A grande diferença entre esses dois filmes e o movimento ocorrido no Brasil envolvendo transportadores de cargas é que lá, na época, a mobilização foi feita através de rádios PX. Aqui foi por watts app. E em ambas, teve a participação fundamental das empresas e não somente dos motoristas autônomos. É quando entra um termo até então, diferente para os leigos, no economês nacional: o locaute. Que rima com nocaute, blecaute. Em ambos os casos, as expressões têm tudo a ver...


Como não existem mais locadoras, resta procurá-los no Netflix. Vale a pena. Muitas vezes precisamos entender que nesse mundo nada se cria. Tudo se copia. E quando o povo se revolta contra o governo, a situação torna-se um caminhão-tanque, sem freio, ladeira abaixo.

O Inter segue com um time muito ruim. Esforçado, porém. Mas de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Quando num grupo de jogadores não há sequer um único atleta que tenha uma qualidade individual acima da média (D’Alessandro já teve, hoje não tem mais) o coletivo não pode funcionar. Some-se a isso, um treinador limitado, um vice de futebol que não convence e um presidente omisso. Agora, ainda tem um diretor executivo com currículo de Real Madrid mas que ultimamente andava... pelo Flamengo (?!?!?!?!?)

Portanto, segue jogando nada. A diferença, no entanto... é que agora, pelo menos, parece que a sorte tem ajudado. Já é um sinal. Golzinho nos descontos... aquela bola que desviava em alguém e ia para fora ou batia no poste, agora entra. Sendo assim, a posição na tabela não é das piores. Mas sem euforia. Time sem qualidade, a bola pune.

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 2/6/2018.

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