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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

02/04/2018 - 14h55min

Daniel Andriotti

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O Ódio e a Razão

Que este ano tem Copa do Mundo todo brasileiro sabe, é óbvio. Mas que depois, logo ali, tem eleições para senador, deputados, governadores e Presidente da República, muita gente não lembra ou não quer pensar nisso. Resiste pelo imenso sentimento de desprezo e repugnância que o povo brasileiro tem para com a política. Não se trata da política de governança como arte da negociação, porque essa é condição fundamental às nossas vidas. Mas da cancerígena política de interesses e a política partidária tradicional. E motivos é que não lhe faltam...

Vivemos dias sombrios. Dias em que o ódio supera a razão. E quando o ódio supera a razão, a ignorância encobre a inteligência. E nesse contexto entram dois opostos que até onde se sabe, lideram as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de outubro: de um lado, Lula sendo amado e por vezes hostilizado por onde passa com sua caravana, principalmente em cidades do sul do Brasil. Do outro, pessoas que passaram a odiar a esquerda no pós-ditadura e que encontram em Jair Bolsonaro, a válvula de escape para tudo o que contrapõe esse modelo-padrão de corrupção desenfreada, de libertinagem e de meia-democracia que o Brasil vive. Ambos se confrontam pela incapacidade de compreender uma mente que pensa diferente da sua.

Tenho amigos que, na esteira da esquerda – e daquele modo próprio de pensar e enxergar a vida a partir de uma igualdade social e uma sociedade melhor –, amam Lula acima de todas as coisas. Garantem que ele é o pai dos humildes. Que é uma dessas pessoas enviadas por Deus ao mundo para fazer avançar a humanidade. Que só ele proporcionou viagens de avião aos pobres. Levou luz às trevas. Ele (não criou) mas deu um up grade no Bolsa Família, criado pela mulher de um coxinha (mas que isso não precisa ser dito). Colocou um teto decente na vida dos carentes através do Minha Casa, Minha Vida. Não importam provas ou evidências de que, em algum momento, obteve benefícios pessoais. Não acreditam que um homem puro e simples que veio do agreste nordestino possa ter se envolvido em algum tipo de propina por parte de empreiteiras. Tudo é golpe. Tudo é culpa das elites, da mídia fascista e dos detentores do capitalismo opressor.

Mas tenho outros tantos amigos que não suportam mais os desmandos impunes do MST; não querem mais saber de direitos humanos somente para bandidos; que acreditam que o socialismo – independente do lugar onde foi implantado – só trouxe desgraça para a humanidade enquanto que poucos anos de capitalismo impulsionaram os países mais desenvolvidos do mundo; que não suportam mais o fato de serem taxados de ‘coxinha’ só porque detestam o PT; que odeiam o personagem que se orgulha de não ter estudado e chegado aonde chegou com sua eterna retórica de comício e ser aplaudido por boa parte da imprensa e da classe acadêmica e artística. E esses – doa a quem doer – estão inclinados a optarem por Jair Bolsonaro.

Lula e a esquerda chegaram ao poder no Brasil onde se mantiveram por 13 anos, porque o cidadão comum e honesto – que ainda é a maioria neste país e que trabalha de sol a sol para contribuir com uma taxa tributária agressiva para uma politicalha que não lhe retribui com nada em troca –, não queria mais aquele modelo de Collor, de Sarney, de FHC. Mas hoje, por tudo o que fez ou o que deixou de fazer, parece não querer mais Lula. Nem o PT. E talvez, nem Bolsonaro. E se Lula ou Bolsonaro é tudo o que nos resta para reerguer o Brasil, é porque realmente estamos no fundo do poço.



Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 30/3/2018.

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