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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

27/11/2017 - 10h25min

Daniel Andriotti

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Foguetório na Black Friday

Em tempos de rigorosas patrulhas sobre o politicamente correto, a Black Friday é, antes de qualquer coisa, no Brasil, uma expressão racista. Ou não?

Nos Estados Unidos é bacana. Aqui é racista. Nos Estados Unidos ela surgiu a partir do thanksgiving day, ou Dia de Ação de Graças, uma tradicional data-gratidão para os americanos como forma de agradecimento pelas ‘boas colheitas’ de outono que ocorrem no hemisfério norte. No Brasil ela é só uma cópia do modelo americano.

Lá, no entanto – e por consequência aqui também – as comemorações ocorrem a partir da terceira semana de novembro. Lá, para comer, o prato principal é o peru. Aqui, é o que tiver. Talvez um chester, que ninguém sabe direito o que é. Nos EUA, o presidente da república encena um teatro midiático para salvar a vida de uma dessas aves. Muito provavelmente, por insistência de uma ONG defensora das comunidades galiformes. Aqui, o presidente acena com algum ‘regalo’ para os deputados da base aliada com o objetivo de ter aprovação para projetos polêmicos. E, como bom país capitalista, os festejos norte-americanos aguçam seus instintos consumistas: para isso, foi instituído o Black Friday, uma espécie de apelo de marketing aumentando o tempo disponível para incentivar as vendas no varejo.

Na base do ‘nada se cria, tudo se copia’, o Brasil achou linda a iniciativa. E então, de 90 a 120 dias antes do black Friday boa parte do comércio tupiniquim vai aumentando gradativamente o preço de alguns produtos em até 75%. Com isso, ao chegar a ‘semana black Friday’ oferecem descontos de... até 75%. Não é bacana isso, gente???

Entre os tantos absurdos e folclóricos temas que orbitam o submundo do futebol está o tradicional – e absolutamente inútil – foguetório próximo do hotel onde está hospedada a delegação do time visitante na noite que antecede a uma decisão. Não estou dizendo isso aqui e agora porque tivemos um dos jogos da final da Libertadores na última quarta-feira. Até porque esse tipo de imbecilidade é praticado por pessoas ligadas ao Grêmio, ao Lanús, ao Inter, ao Flamengo, ao Palmeiras, ao Corinthians, ao Boca, ao River, Colo-Colo...

E não pense caro leitor, que isso é apenas iniciativa de torcedor fanático. O torcedor é apenas a ferramenta operacional. Tem muito dirigente graúdo que incentiva, apoia e patrocina esse tipo de esquizofrenia. Chamo isso de esquizofrenia porque uma das definições simplistas para esquizofrenia é: “distúrbio psíquico que faz com que a pessoa perca a noção da realidade”. E é exatamente isso. Perda de noção. Próximo desses hotéis, vivem milhares de pessoas que trabalham, que estudam, que estão doentes, que têm insônia, que tem bebês de colo ou que simplesmente estão nem aí para esse tal de futebol.

Por outro lado, imagine um grupo de jogadores que supostamente é o foco desse devaneio perverso: primeiro porque organismo de atleta não costuma ‘ser atingido’ por esse tipo de coisa. Já conversei com muitos deles que afirmam ‘ter um sono de pedra’ em função da extenuante carga de exercícios físicos do dia a dia. Segundo: caso sejam afetados pelo foguetório, eles terão o dia seguinte inteiro para dormir pois ficarão trancafiados no hotel sem absolutamente nada para fazer. Dois a zero para a insanidade coletiva.

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 25/11/2017.

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