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Quinta-feira, 28 de mar�o de 2024

29/05/2017 - 14h09min

Daniel Andriotti

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Analfabetolândia

Nos últimos anos não foram poucas as propagandas e os discursos em palanques que “vendiam” o Brasil como o país do futuro. E muita gente aplaudiu. E muita gente acreditou. Até mesmo gente de fora do Brasil imaginou que uma nova nação estava sendo formada graças ao desenvolvimento, à erradicação da pobreza e ao combate às nossas mazelas sociais.

Só que não.

A máscara desse marketing socialista-demagógico começou a cair quando – antes tarde do que nunca – percebemos que a teoria de Robin Hood não estava dando certo. Tirar dos ricos para dar aos pobres estava com a sua lógica invertida: os pobres é que estavam dando a alguns ricos e mafiosos indicados pelo governo a possibilidade deles ficarem mais ricos.

Agora que o leite está total e irremediavelmente derramado é hora de calcular o saldo de uma década perdida. Nesse período, ocorreu um aumento no preço geral das commodities (mercadorias que funcionam como matéria-prima podendo ser estocadas sem sofrer alterações de qualidade. E o Brasil é um grande exportador de commodities). Mesmo assim, crescemos muito menos do que o resto do mundo. Então, onde está a nova nação emergente se permanecemos miseravelmente pobres?

Vamos pegar um único (entre tantos) exemplos: todos os veículos de comunicação noticiam que os irmãos Batista, donos da JBS, transferiram cerca de 150 milhões de dólares (no câmbio atual, algo como R$ 500 milhões de reais) para o exterior (dinheiro oriundo da mais vergonhosa prática de corrupção) somente para financiar as campanhas presidenciais de Lula e Dilma. Então, diante de valores como esse, mais de 20 milhões de brasileiros, quase uma Austrália, (sobre)vivem com uma renda familiar inferior à linha da pobreza, que é de R$ 140,00 por mês? E que, destes, 9 milhões de brasileiros, mais que uma Suíça, terminarão o ano de 2017 vivendo abaixo da linha da extrema pobreza, com uma renda mensal inferior a R$ 70,00? Outra coisa: você sabia que quase metade dos brasileiros (e lá se vão 100 milhões de pessoas) sobrevive com uma renda mensal de até um salário mínimo (R$ 937,00) sendo que, no nordeste, esse percentual sobe para 68%? Por falar nisso, um em cada quatro brasileiros é, hoje, dependente do Bolsa Família e, no Sarneyquistão, cuja capital é São Luiz, a média é de um benefício para cada duas famílias?

Mas não é somente a baixa renda que nos torna menos felizes. Nossa educação é bem pior do que se imagina: toda a população do Uruguai, da Nova Zelândia e da Irlanda, somadas, não alcança o número de analfabetos do Brasil. São 50 milhões de conterrâneos que não sabem ler, nem escrever. Se possível fosse reunir todos eles para formar um novo país, criaríamos a Analfabetolândia, a 28ª nação mais populosa do mundo. Maior que uma Argentina.

E nossa infraestrutura? Você imagina que mais de 35 milhões de brasileiros não possuem acesso ao abastecimento com água tratada? É como se houvesse um Canadá inteiro sem uma mísera torneira de água dentro de casa. Outros 100 milhões de pessoas, quase uma Alemanha, não dispõe de uma rede para a coleta de esgoto e, 17 milhões, uma Holanda, não possui coleta de lixo. Tem mais: 4 milhões, uma Nova Zelândia, sem um único banheiro em casa.

Esse cenário desolador tem uma culpada: a nossa capacidade de depositar tanta esperança – e tanto dinheiro – na classe política mais fracassada, dissimulada e corrupta do planeta. Quase metade do que ganhamos honestamente vai parar no bolso deles. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Internacional para a Gestão do Desenvolvimento, o estado brasileiro é, literalmente, o pior do mundo. Nós temos o Judiciário mais caro do ocidente, o sistema de saúde pública mais ineficiente do pl1aneta e o segundo congresso mais oneroso que se tem notícia. Como se não bastasse, somos também o país que oferece o menor retorno de impostos ao cidadão. Ou seja: nós não apenas entregamos muito dinheiro nas mãos de figuras deploráveis, como também não recebemos nada por isso. Recebemos sim, muita burocracia e ineficiência. Somos o 10º país mais complexo do planeta para fazer negócios e líder no ranking global de encargos trabalhistas e de burocracia fiscal. Em outras palavras: nós abraçamos os que prometem e condenamos os que produzem. O resultado é inevitável: subdesenvolvimento crônico. E nisso nós somos muito bons.

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 27/5/2017.

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