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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

20/03/2017 - 13h11min

Daniel Andriotti

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Quem precisa de fair play?

Faz algum tempo que já não escrevo sobre futebol. A corrupção desenfreada e a violência impune do Brasil não me deixam. Mas hoje, vamos lá: ele, o futebol, para quem gosta, parece sempre ser mais do mesmo. Não é. Algumas vezes esse esporte viciante se reinventa e garante jogos absurdamente inacreditáveis. Daqueles que a gente está sentado em frente da TV, sabendo que o jogo é ao vivo mas mesmo assim insiste em não acreditar que aquele resultado possa estar acontecendo. Sem muito esforço, minha memória futebolística lembra de três exemplos recentes: o primeiro, em 2005, o jogo contra o Náutico que deu ao Grêmio treinado por Mano Menezes o título da série B daquele ano, na versão ‘megalogremista’ de ser, batizado como a ‘Batalha dos Aflitos’. Num zero a zero encardido, o time sofreu um pênalti – que o Náutico disperdiçou –, teve quatro jogadores expulsos, invasão de campo por parte da comissão técnica, de dirigentes, ex-dirigentes, conselheiros (que novidade!!!) e ainda acabou vencendo por um a zero, gol do Anderson.

O segundo em 2006, aquela vitória do Inter – gol de Adriano Gabiru com um passe cirúrgico do Iarley – sobre o ‘dream team’ do Barcelona que tinha, entre tantos outros monstros, Ronaldinho Gaúcho, Puyol, Xavi, Deco e Iniesta. Tudo isso num domingo de manhã na final do Mundial Interclubes, em Yokohama.

O terceiro desses jogos antológicos foi em nível de Copa do Mundo: os 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil, em pleno Mineirão em 2014, que é bom nem lembrar...

E, na semana passada, pude incluir um outro jogo nessas aberrações do mundo futebolístico: a vitória por 6 a 1 do Barcelona, em casa, sobre o Paris Saint Germain pelas oitavas de final da Champions League. Para quem não pegou o fio da meada, o Barça levou impiedosos 4 a 0 uma semana antes, no jogo de ida, na França. Para seguir na competição, precisaria devolver os 4 a 0 e, nesse caso, levar a decisão para os pênaltis. Se o Barcelona sofresse um gol, não haveria mais penalidades. Nesse caso, o time espanhol tinha que fazer seis gols em função do saldo qualificado. E foi exatamente o que aconteceu. E é por isso que as pulgas começam a se manifestar atrás das minhas orelhas: o Barça fazer seis gols no Novo Hamburgo, no Caxias, no Veranópolis, no Zequinha, no Luverdense, no Sampaio Correia... tudo bem. Mas meia dúzia de gols num gigante não-menos milionário do futebol mundial como o PSG???... hummmmmm.

O que me deixa mais ‘sestroso’ nesse jogo é que não houve aquela reclamação acintosa por parte do PSG em, pelo menos cinco, dos seis gols que sofreu. Tudo bem que trata-se do diplomático futebol europeu, de excessivos fair plays, aquele modo extremamente leal de ser e de agir. Mas imagine leitor, um determinado clube aqui do sul – o mesmo que costuma reclamar até da tonalidade da água que irriga o campo do adversário quando o resultado não lhe interessa e que vê condicionamento da arbitragem em absolutamente todos os jogos que ele perde – sofrendo seis gols em sequência, sendo que: no primeiro, a bola ultrapassou a linha em ‘apenas’ meio metro pelo alto; o segundo foi contra; o terceiro e o quarto foram de pênaltis no mínimo duvidosos; o quarto foi numa cobrança de falta por uma falta que não existiu; e o sexto foi aos 50 minutos (o jogo foi até os 52!!!!!!) com Sergi Roberto, autor do gol, em posição ‘prá-lá-de-duvidosa’....

Acontecesse tudo isso com esse clube gaúcho e cartolas e demais conselheiros não só teriam invadido o campo, depredado o estádio e agredido o juiz e seus auxiliares, como fariam o jogo ser anulado; a FIFA, a Conmebol, a CBF e a Federação Gaúcha interditadas e ainda fariam todos os dirigentes dessas entidades responderem na justiça por arranjo de resultados...

Mas enfim, não era o clube gaúcho. Era o PSG, um clube europeu, que ficou calado, inerte e passivo. Estranho... demasiadamente estranho. A elegância do futebol europeu extrapolou todos os limites. Aprendam com o futebol gaúcho, senhores do PSG...!!!

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 18/3/17.

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