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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

30/01/2017 - 16h15min

Daniel Andriotti

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Sobre criminosos e políticos

Outro dia recebi uma interessante tese de um médico, especializado em psiquiatria criminal para adolescentes e que trabalha há 35 anos em unidades hospitalares forenses. Ele fala sobre o prazer sádico dos presidiários brasileiros, tão em evidência nos dias atuais. Segundo ele, existe uma ciência chamada ‘etologia’, que estuda o comportamento e o desenvolvimento animal. E para exemplificar, ele cita um gatinho que, se você cobrir-lhe os olhos no momento que nasce – mesmo que por poucos minutos –, jamais voltará a enxergar pois as células do seu cérebro responsáveis pela visão já terão morrido. São os pontos sensíveis do desenvolvimento. Perdeu? Não recupera mais.

Na psicologia infanto-juvenil é a mesma coisa: se perder o prazo de aplicar a disciplina amorosa e o senso de responsabilidade, deveres, estudo, trabalho e limites num determinado momento da vida, não haverá mais conserto. É o caso da geração que hoje habita os presídios. Nunca foram contrariados porque sempre teve alguém que lhes passasse ‘a mão na cabeça’. Uma palmada? Jamais!!! A psicologia condena. Sem responsabilidade, a preocupação é apenas em ‘curtir os prazeres da vida’, sem ter conhecido o ‘dever do trabalho’. Aliás, eles clamam pelos seus direitos. Deveres, nenhum. Agirão por instinto feito animais e viverão pelo prazer da impulsividade orgânica: as drogas, a comida, o sexo e a agressividade. E, mesmo com as irreversíveis lesões causadas pelas drogas, sentem-se felizes.

E então, o que resta para nós, do lado de cá das penitenciárias? Torcer e implorar para que esses que lá estão, permaneçam lá. Reclusos. Uma reclusão com tratamento e trabalho seria o ideal. Mas sempre reclusão!!! Isolados deles mesmos e do mundo. Que nosso sistema não seja frouxo nem permissivo a ponto de tolerar que (con)vivam entre nós. Se não há como tratar, então que continuem presos. Antes eles do que nós.

Vi inúmeras postagens sobre uma histérica e quase santificação póstuma do ministro Teori Zavaski, morto na última semana e – na minha modesta opinião – num suspeitíssimo acidente aéreo. É evidente que a passagem de um ser humano é sempre uma perda irreparável e inconsolável, principalmente para os mais próximos: família, amigos e colegas de trabalho. Mas no caso desse ministro do STF – e aqui estou me referindo à Operação Lava Jato – teve a chamada “perda institucional”.

O povo brasileiro sofre de uma terrível amnésia. Não é preciso ficar lembrando disso a todo momento, né? Mas Teori Zavaski, imagino, não deve entrar para a história como um herói ou como aquele que tentou moralizar a República através da sua função no STF. Era um homem muito discreto, é verdade, mas não o suficiente para esconder suas tendências ideológicas, que muitas vezes se viram refletidas em suas decisões. Atendia aos interesses do país e da justiça, mas tinha nítidas preferências partidárias e não raras vezes se deixou influenciar por elas. Por exemplo: foi um ministro que trabalhou firme e forte para amenizar as ações penais do Mensalão; lutou por uma quase ‘absolvição’ de José Dirceu e Delúbio Soares, articulando a saída desses ‘cumpanhêros’ do xadrez. Tem mais: naquele caso do áudio vergonhoso envolvendo o ex-presidente Lula e a então presidenta Dilma, Teori foi um dos poucos a censurar a conduta do juiz Sérgio Moro, a fim de proteger a dupla dinâmica das garras da justiça. Como se não bastasse, garantiu ainda que Lula respondesse pelos crimes em liberdade, apesar das inúmeras acusações existentes contra ele e que autorizariam uma eventual prisão preventiva. Mas é lógico que ele não precisava morrer por causa disso, né?

Mas então, por quê matar um suposto petista ou por quê uma teoria da conspiração? Simples: a lista da Lava Jato é pluripartidária...

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 28/1/17

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