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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

16/01/2017 - 12h11min

Daniel Andriotti

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Inversão de Valores

O Brasil, definitivamente, é um país na contramão da humanidade. Quando a lei de uma nação sequer cogita a hipótese de amparar os parentes de uma criança que foi estuprada e morta por um bandido mas admite indenizar a família desse mesmo bandido executado numa rebelião por disputa de poder das facções dentro da cadeia – sob o argumento que esse bandido estava ‘sob a guarda do Estado’ – é porque só há um entendimento: de que o Estado faz parte da quadrilha.

Ao contrário daquela linda e utópica frase que diz “precisamos investir na educação”, o Brasil é um país que investe em bandidos. Sim, aplicamos dinheiro escasso e útil em corpos sem futuro. Em almas torpes. Você sabia que um criminoso custa muito mais aos cofres públicos (portanto, sustentados com o meu, o seu, o nosso rico e suado dinheirinho) do que um estudante com escola subsidiada pelo governo?

Pense comigo: você, caro leitor, acredita mesmo que – num país como o nosso, em que milhares de pessoas vivem abaixo da linha da miséria e outras centenas morrem desamparadas em macas enferrujadas nos corredores dos hospitais públicos – vale a pena investir na ‘ressocialização’ de criminosos como Artur Gomes Peres Júnior, acusado de tráfico de drogas, roubo e estupro de quinze mulheres (as quais ele também infectou com o vírus HIV)? Ou Francisco Pereira Pessoa Filho, estuprador de crianças e réu confesso do assassinato de uma menina de 14 anos com 15 facadas? E Erraílson Gomes Miranda, estuprador e assassino da menina de quatro anos que citei no primeiro parágrafo? É justo isso? Você crê em recuperação de monstros desse naipe?

O marginal, na verdade possui esse rótulo, porque como o próprio nome sugere, “está à margem da sociedade”. Orbita no entorno dela para tirar-lhe a ferro e a fogo aquilo que ele não teve competência de conquistar. Por ser pobre? Por não ter estrutura familiar? Para o governo, o bandido além de custar caro antes, durante e depois de ser preso, não contribui em absolutamente nada para os cofres públicos. Ou você pensa que vagabundo paga imposto? E então, esse mesmo Estado – que já perdeu o controle sobre a massa carcerária há muito tempo –, tem de dar explicações sobre massacres que ocorrem dentro das penitenciárias em conflitos motivados pelo poder das facções que controlam armas e drogas de dentro das penitenciárias, cujas receitas servem – em muitos casos – para subornar agentes carcerários, advogados, policiais, promotores e juízes.

Ocorreu então que, em seis dias, 93 ‘anjinhos’ indefesos e excluídos da sociedade capitalista e opressora partiram desse plano espiritual através de uma disputa pelo poder carcerário. Juntos, suas penas ultrapassariam 1 milhão de anos. Isso pode, Arnaldo??? A regra é clara: quando o governo falha ao não proteger o cidadão de bem nas ruas, o silêncio e a omissão de todos os segmentos chegam a ser patéticos. São situações tratadas como ‘coisas da vida’. A vítima só recebe um tipo de tratamento: a do índice de estatística. Mas se o estado falha ao não defender o criminoso dentro cadeia, imediatamente entidades como Anistia Internacional, OAB e Comissões de Direitos ‘dos Manos’, entre outras, se mobilizam para protestar e exigir que os cofres públicos indenizem a família da bandidagem. Para crianças inocentes e para os pais de família, trabalhadores e contribuintes que sustentam a engrenagem pública e que morrem impiedosamente todos os dias nas mãos dessa corja criminosa, não há defesa. Não há preocupação. Não há mobilizações. Não há indenização. Não há nada.

Só me resta encerrar repetindo a frase inicial deste texto: o Brasil, definitivamente, é um país na contramão da humanidade.

Daniel Andriotti

[email protected]

Publicado em 14/1/17.

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