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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

29/03/2021 - 15h34min

Comportamento

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A Linguagem dos Números

Existe um idioma universal nesta extraordinária diversidade que caracteriza a comunicação mundo afora: os números. E se, informalmente, eles podem ser assim chamados, eu considero a porcentagem o seu “dialeto” mais popular, aquele facilitador que coloca todos nós diante da verdade quantitativa de um evento.


Vejamos, por exemplo, como se torna viável responder a pergunta sobre quantos na plateia, no final de um show, aplaudiram os músicos em pé, mesmo sem sabermos o número total de pessoas que estavam no evento. Se dissermos “cem por cento”, estaremos nos referindo a todos os presentes. Porque “cem por cento” representa o total no “dialeto” da porcentagem.


Posto isso, mais um esclarecimento ainda se faz necessário para chegarmos ao destino por mim pretendido: os números não mentem, mas, de vez em quando, acontece de serem divulgados em resposta para outra pergunta, não àquela que foi feita. Aí, o que está correto para um determinado caso torna-se equívoco.


Vejamos como têm sido apresentados os percentuais de ocupação de leitos em diversos hospitais brasileiros. Ora, se a ocupação é total, o seu respectivo percentual é de 100% (cem por cento). Não se pode ultrapassá-lo, pois se refere à totalidade de leitos. A informação deve citar que o hospital precisa ter mais 30% do total de leitos, por exemplo, nunca que a ocupação é de 130%.


Esforçando-me para não ser enfadonha, esclareço uma diferença importante: o aumento de contaminados pode aumentar em qualquer porcentagem, inclusive maiores do que 100%. Contudo, quando alguma referência é feito ao total de pessoas atingidas, essa deverá ser tratada como cem por cento.


E ainda contando com a paciência dos leitores, pois sei que o idioma numérico não é de fácil escrita, tampouco de leitura leve, devo salientar outra discordância que se faz essencial nas informações sobre a pandemia, especialmente no que se refere à vacinação. Convido a todos para me acompanharem no raciocínio a seguir.


De acordo com dados do IBGE, a população brasileira (estimada em 2020) está em aproximadamente 212 milhões. Contudo, só estão aptos “cientificamente” a receber vacina aqueles brasileiros que têm 18 anos ou mais, e eles são cerca de 161 milhões. Por isso, na minha opinião, quando é calculada a porcentagem dos já vacinados deve-se considerar essa parcela da população, não os 212 milhões nos quais está incluída a população até 17 anos - que não é alvo da vacinação.


Eu sei que a linguagem dos números, por vezes, parece complicada, mas é o único idioma universal nesta extraordinária diversidade que caracteriza a comunicação mundo afora. E, nesse contexto, considero a porcentagem um “dialeto” facilitador.


Espero que alguns detalhes na divulgação desses percentuais sejam repensados, visto que se apresentam como “gírias” no extraordinariamente belo idioma dos números.

Cristina André

[email protected]

Publicado em 26/3/21.

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