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Sábado, 20 de abril de 2024

14/12/2020 - 13h25min

Comportamento

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A Escola da Vida

Era um daqueles domingos de meia estação, ensolarado e de temperatura agradável. Inverno adormecido, primavera colorindo a vida, família reunida em um almoço no clube das boas festas de aniversário, dos tantos casamentos e das felizes formaturas.


Três outros grupos, com pessoas que conhecíamos “de vista”, também ocupavam espaços próximos. E as conversas, não de todo, podiam ser ouvidas.


Na hora mais doce, de sobremesas com cafezinhos e chás, alguém de uma daquelas turmas fez comentário profissional que soou desagradável aos meus ouvidos. E mesmo não sendo a meu respeito em particular, mas “aos professores” em geral, me senti na obrigação de abraçar a causa.


“Esses professores não querem nada com nada, reclamam muito e trabalham pouco, esse é o nosso maior problema”, sentenciou uma voz masculina. Aquele comentário me atingiu em cheio, quase fui a nocaute, mas decidi não entregar os pontos. Reagi.


Esperei alguns minutos, até minha indignação firmar parceria com os bons modos, meu equilíbrio emocional se estabilizar. Para raciocinar com clareza, pensar em uma intervenção adequada e respeitosa. Sobretudo, educativa.


Sob os holofotes familiares, respirei fundo e me dirigi ao grupo de onde viera o comentário pejorativo a todos nós, professores. Cumprimentei a todos, me apresentei e, respeitosamente, pedi licença para fazer uma observação sobre o que alguém dali havia dito em alto e bom som. Concordaram por unanimidade, incluindo o autor da sentença que me atingiu como uma flecha.


“Sou professora e gostaria de comentar o que ouvi sobre todos nós, profissionais da Educação”, falei com tranquilidade.


Expliquei, então, que conhecia muitos professores excelentes, gente trabalhadora e preocupada com sua tarefa social. E que considerava uma injustiça colocá-los no mesmo patamar dos maus profissionais. E o silêncio foi tomando conta do clube, do domingo, da meia estação.


Desbravando emoções, fui abrindo caminho rumo ao diálogo. E me ocorreu perguntar qual era a profissão do autor daquela desclassificação profissional do magistério. De pronto, ele respondeu que era médico. E eu, em um lampejo educativo, expliquei que conhecia muitos trabalhadores da Saúde simplesmente fantásticos, mas também era de meu conhecimento que havia, nesta categoria, pessoas não merecedoras de elogios. Nem por isso cometeria o equívoco de tecer aquele tipo de comentário.


Sob nova onda de silêncio abismal, agradeci e retornei ao meu lugar, julgando o caso como liquidado, mas o melhor dos finais estava por acontecer.


O autor daquele julgamento sumário dos professores veio até onde estávamos e, com educação, respeito e humildade, se desculpou pela leviandade de seu comentário.


E seguimos em frente, naquele domingo de meia estação, ensolarado e de temperatura agradável, com as famílias reunidas.



Cristina André

[email protected]

Publicado em 11/12/20.

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