06/02/2020 - 16h56min
Teoricamente, de acordo com os físicos, no dia em que conseguirmos ultrapassar a velocidade da luz, viajando pelo universo, o tempo não mais existirá. Pelo menos para nós, os apressados viajantes. E como no filme “Planeta dos Macacos”, depois de várias décadas no espaço, retornaríamos com a fisionomia intacta, tal qual no dia em que partimos. Entretanto, para os terráqueos que por aqui ficaram, as implacáveis mudanças provocadas pelo passar dos anos teriam acontecido.
Imaginemos, pois, o retorno à Terra de um grupo de viajantes intergalácticos, nave com velocidade da luz ultrapassada, depois de uns cinquenta anos medidos pelos lentos calendários e relógios terrenos.
A jovem tripulação retornando com a mesma idade meio século depois. Ao desembarcarem, seriam recebidos pelos amigos e familiares - aqueles que ainda estivessem vivos. Em sua maioria, com mais de oitenta anos, cabelos grisalhos, andar lento, rugas e esquecimentos. E, o pior de tudo, sem reconhecerem aqueles tripulantes que há tanto tempo tinham ido para o espaço feito raios de luz.
De volta da breve viagem, constatariam que nada mais estava como antes, porque o mundo já seria outro, de jovens dos novos tempos. E talvez se vissem arrependidos pelo embarque, acreditando que deveriam ter ficado em terra, envelhecendo junto com seus afetos, acompanhando as mudanças que o andar da vida provoca, entendendo o significado do amor através dos tempos.
E se perguntariam, a toda instante, sobre o que fazer com o milagre da aparência conservada pela velocidade combinado com a solidão dos próprios corações.
Aceitemos, pois, o passar dos anos com as transformações que ele traz, envelhecendo com inteligência, mantendo corpo e mente saudáveis de acordo com as etapas da vida.
Teoricamente, o tempo deixará de existir quando viajarmos pelo espaço numa velocidade maior do que a da luz, o que ainda está longe de ser realidade. Mas se esse momento enfim chegar, que possamos levar os nossos afetos. Do contrário, não saberemos o que fazer diante de tamanha conquista.
Cristina André
Publicado em 01/2/20.
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