12/09/2019 - 10h30min
Setembro começava a se preparar para assumir o comando do calendário e nos discursos maternos de cada dia já eram reforçadas as recomendações sobre cuidados com o uniforme e os sapatos colegiais. Descansava na gaveta das meias o novo par, modelo americano, que seria usado no desfile de sete de setembro, vetado ao uso até que encerrasse o evento pátrio.
Responsáveis pela nossa atuação diante da comunidade e das autoridades instaladas no palanque oficial, as professoras de Educação Física passavam nas turmas para acertar detalhes importantes, como a escolha das balizas, geralmente as gurias com destacadas habilidades esportivas. As mais bonitas, já sabíamos, concorreriam a Rainha da Banda.
Outros grupos também se formavam, de acordo com a nossa participação na banda, na feira de ciências, nos times de handball e de futebol. Para os porta-bandeiras, eram chamados aqueles que usavam uniformes mais novos, os mais caprichosos, que abdicavam de correr no recreio para manterem as roupas impecáveis. E também o pessoal que participava do coral, que era o meu caso. Integrávamos pelotões diferentes, cheios de orgulho pelo destaque dado pelas professoras, mesmo sabendo que era para todos nós.
Na volta para casa, levávamos o extenso bilhete que deveria ser entregue aos pais ou responsáveis, detalhando tudo a respeito dos ensaios que aconteceriam no turno inverso ao das nossas aulas. E chamando a atenção para uniformes e horários do desfile em que representaríamos a escola.
Eis que chegava o dia tão esperado, trazendo aquela manhã cívica em que seríamos aplaudidos por nossas famílias, pelo prefeito e a comunidade em geral.
Tios e primos vinham de outras cidades para nos ver marchando, também para observar a nossa escola, se estava entre as melhores. E ouvir as excelentes bandas, locais e convidadas, além da respeitada Banda da Brigada Militar, que recebia efusivos aplausos.
E, depois do desfile, aconteciam grandes almoços estudantis para integrantes de bandas que vinham de outras cidades, com a participação das nossas. Tudo patrocinado pela própria comunidade, que não media esforços para contribuir com a lista de pedidos que a escola mandava.
Eram feriados gloriosos, aqueles em que desfilávamos para mostrar as qualidades das nossas escolas. Sob os aplausos das famílias, de autoridades e da comunidade em geral, nos sentíamos parte da História.
Naqueles dias, aprendíamos que a Pátria Amada Brasil é de todos nós, brasileiros. Cada um com a sua devida responsabilidade de torná-la um bom lugar para se viver.
Cristina André
Publicado em 07/9/2019.
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