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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

03/06/2019 - 14h27min

Comportamento

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Aprendi isso nos livros

Tenho profunda admiração pelos livros. Esse sentimento, que não arreda pé de mim, pode ter nascido porque, em meus dias de estudante, somente os livros eram confiáveis fontes do saber; precisávamos deles para entender o mundo em que vivíamos. Nenhuma pergunta ficava sem resposta em uma consulta ao Tesouro da Juventude, em pesquisas feitas na Barsa, na interpretação dos extensos textos da Delta Larousse - três grandiosas enciclopédias estudantis.

Isso se deu em mim também pela crença inequívoca de que a boa leitura me faria melhor como pessoa, me ajudaria na arte da escrita, da comunicação em geral. E de acordo com preceitos familiares estabelecidos, reforçar a leitura nas páginas de um bom livro era complemento necessário para a alfabetização escolar.

Tenho inegável respeito pelos livros. Transcendida a admiração por sua notória colaboração com os meus conhecimentos universais, se estabeleceu em mim um quê de felicidade ao acompanhar suas páginas de poesias, de histórias contadas sobre romances impossíveis em lugares remotos. Viajar nas frases de outros viajantes, imaginando florestas e cidades, sentindo medo e me alegrando. Navegar por mares desconhecidos com personagens de outros tempos, dobrando esquinas e me surpreendendo com reencontros descritos em detalhes. Sonhar outros sonhos, visitar lugares imaginários, sentir cada palavra.

Isso se deu em mim pelas leituras memoráveis das quais o acaso me aproximou, com seus escritores mostrando universos inventados que se encaixavam perfeitamente em meu mundo particular. E da passagem de uma condição inicial de leitora a mediadora de conflitos, a líder religiosa ou comandante de algum solitário exército.

Tenho segurança ao abrir um livro. Muito mais do que nas consultas virtuais, com suas respostas rápidas e repetitivas, suas afirmações genéricas e mesmices individualizadas. Sinto em cada uma daquelas folhas impressas um árduo dever cumprido, uma conquista que vai além das expectativas, uma parceria. Em pontos que exclamam belezas ou questionam valores, a vida real para sempre se desenrola. E ali permanecerá, tal qual foi escrita, álibi perfeito do que um dia já houve.

Isso habita em mim na forma de raiz. Tenho certeza de que nada haverá de me fazer melhor companhia no trabalho do que a estante que abriga meus livros, os preferidos. É deles que minha inspiração se alimenta, com todas as lembranças que me são possíveis. Em dicionários e tradutores, com suas capas meio rabiscadas, é neles que confio para a viagem.

Tenho muito amor pelos livros. Isso ficou impresso em mim quando compreendi que admiração, respeito e segurança são os principais ingredientes desse extraordinário sentimento.

Aprendi isso nos livros.

Cristina André

[email protected]

Publicado em 1/6/2019.

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