06/05/2019 - 11h40min
Aprendi sobre a Teoria de Charles Darwin nas aulas de Ciências; a respeito de Adão, o primeiro homem, e Eva, a primeira mulher, nos períodos de Religião. E não me lembro de ter questionado meus professores ou minha família, quando era criança, sobre o fato da lição científica desmentir a religiosa e vice-versa.
Mas agora não é assim, as novas crianças têm raciocínio mais rápido, maior liberdade para questionar. Por conta disso, tivemos, dia desses, uma aula de sensibilidade com nossa neta Isabela, de seis anos.
Meses atrás, visitamos o Museu da PUC, em Porto Alegre; toda a família. Para estreitar laços com as descobertas científicas que regem o mundo em que vivemos. Foi um passeio e tanto, aproveitamos muito. Na volta, o assunto recorrente foi o barco em que Charles Darwin fez sua primeira viagem de estudos e o desenho alusivo a nossa evolução como espécie, mostrando macacos que se locomoviam curvados até se erguerem completamente, com o passar do tempo, transformando-se nos primeiros humanos. A pequena estudante ficou impressionada com a evolução.
Para refrescarmos a memória, Charles Darwin (1809 – 1882) foi um garoto inglês encantado com a Natureza. Mandado pelo pai para a faculdade de Medicina, não aguentou as aulas de anatomia. A segunda tentativa, no curso de Teologia, também falhou. Um professor notou o interesse do jovem pelos assuntos da Natureza e o indicou ao capitão de uma expedição que ficaria cinco anos mapeando mares. Precisavam de um naturalista para coletar informações sobre plantas e animais. Darwin aceitou, e as descobertas que fez no Arquipélago de Galápagos transformaram o conhecimento científico do mundo.
Teve início, então, a sua teoria sobre a evolução das espécies. Ele concluiu, tempos depois, que a seleção natural se dá pela sobrevivência dos que melhor se adaptam às mudanças ambientais. E as espécies vão se modificando até a extinção.
Charles Darwin morreu aos 73 anos. E, apesar de contrariar o pensamento religioso daqueles tempos, foi sepultado na abadia de Westminster, em Londres, a belíssima igreja onde os reis são coroados.
Tudo isso posto, voltemos ao tema central desta escrita, a conversa que tivemos, eu e a pequena Isabela. Estávamos na cozinha, ela fazendo seus temas. De repente, pediu que eu olhasse e começou a andar com a cabeça quase na cintura, braços soltos balançando ao lado do corpo; e, sem parar, foi se erguendo aos poucos até ficar com o corpo ereto. E me perguntou:
Afinal, quem foram o primeiro homem e a primeira mulher, o Adão e a Eva ou os dois primeiros macacos a andarem eretos, como estava desenhado no barco do Darwin? Qual é a verdade?
Pensei um pouco, procurando uma resposta adequada a estes novos tempos que não desmentisse a Ciência tampouco a Religião. Expliquei que os macacos eretos fazem parte do conhecimento científico, então o que Darwin disse é considerado verdade. Adão e Eva fazem parte de crença religiosa, são como personagens de uma lenda: para alguns é verdade, para outros, não.
A Isabela ficou pensativa, parecendo compreender a minha “antiga” dificuldade. Então me deu uma explicação muito melhor. “Eu já entendi, os dois são verdade. Os primeiros macacos do Darwin, um se chamava Adão e o outro era a Eva”. E tudo ficou esclarecido.
Cristina André
Publicado em 04/5/2019.
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