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22/04/2019 - 14h05min

Comportamento

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A Catedral de Notre Dame

Foram incontáveis as vezes em que assisti aquele filme na sessão da tarde da TV Gaúcha, sobre um corcunda que se apaixonara por bonita cigana, naqueles dias de infância sem canais pagos nem internet. Inspirado no livro “Notre-Dame de Paris”, escrito no ano de 1831 pelo francês Victor Hugo, criticava, com sutileza, a elite parisiense da Idade Média, que não se importava com os necessitados nem com os deficientes, ignorando-os totalmente.


Ao colocar a Catedral de Notre Dame como cenário, o escritor mostrou que o templo erguido para exaltar a riqueza da cidade também servira para acolher quem vivia em total abandono.

Naquela época, é claro, eu não sabia nada disso. Era apenas uma criança que adorava assistir “O Corcunda de Notre Dame” para ver o Quasímodo, rejeitado pela sociedade por ser deficiente e de aparência fora dos padrões, apaixonado pela linda cigana Esmeralda. Um amor secreto, compartilhado apenas nas conversas com uma das esculturas de pedra, seu leal e único amigo, que ficava no alto, entre as duas torres da grandiosa Catedral.

Havia uma cena que me deixava triste e com um pouco de medo, pois receava que o Corcunda, na verdade, não fosse tão bom quanto imaginávamos, eu e a cigana Esmeralda. Mas, depois, suspirava de alívio e alegria.

Caído na rua, depois de ter sido agredido com crueldade, a cigana lhe presta ajuda, dando-lhe água e falando carinhosamente com ele, em um delicado gesto de humanidade quase único para aquela época social de tanta intolerância e indiferença.


Atônito e sem saber o que fazer, ele corre para seu esconderijo, uma das torres da Catedral de Notre Dame. Lá, se acomoda ao lado do amigo de pedra e lhe confidencia, emocionado, o que acontecera: “Ela me deu água”. Repetindo a felicidade daquela frase como um mantra. A cena foi tatuada em meu coração, onde até hoje permanece.

Nessa semana, quando soube que chamas estavam destruindo parte da Catedral de Notre Dame (Nossa Senhora), na bela cidade luz onde nasceu minha avó paterna, senti o mundo parar de repente.

Passaporte carimbado pela emoção, lembrei de doze anos atrás, quando estive pela primeira vez diante da extraordinária Catedral construída há mais de oitocentos anos em homenagem a Nossa Senhora. E avistei o único amigo em que Quasímodo pode confiar seu segredo de amor. Chorei de emoção ao vê-lo, todo feito de pedra, postado lá no alto. E agradeci a Deus pela felicidade daquele momento.

Cristina André

[email protected]

Publicado em 20/4/2019.

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