11/03/2019 - 14h38min
Foram muitas as mulheres em quem me inspirei para construir personalidade, escolher profissão, formar família. Com suas pitadas de sal e de especiarias, suas colheradas de doce e seus chás, deram-me o melhor dos temperos para a vida.
Pelos exemplos femininos com os quais tive a sorte de conviver, aprendi a plantar humildade em áridos canteiros de arrogância, a distribuir sorrisos para amenizar vidas entristecidas e desprovidas de alegria, a oferecer tempo e atenção aos mais necessitados.
São inspirações para mim certas mulheres despreocupadas com fama e poder, anônimas desbravadoras de rotinas desprovidas de sonhos e ilusões, que carregam estandartes com a coragem que tantas vezes nos falta. As que andam de corações partidos pelos amores não correspondidos, as que sofrem de amor pelas ameaças. As que seguem firmes e fortes na luta diária pelas melhorias do mundo, que começam em suas próprias casas uma trajetória capaz de alcançar o universo.
Certamente foi de Madre Teresa de Calcutá e da Irmã Miriam Janete, minha primeira professora, que me chegou essa vontade de aprender para depois ensinar; a preocupação com os doentes, o treino da tolerância.
Deve ter sido Fernanda Montenegro, em seu monólogo citando a poesia Dona Doida, de Adélia Prado, que me facilitou a compreensão de que o universo feminino é único e sem fronteiras.
Nas vozes de Maria Bethânia, Montserrat Caballé e Adele, preciosos instrumentos da natureza, devo ter reencontrado o agradecimento pelo fato de estar viva. E ao ouvir Lady Gaga, um aperto de doer o peito me devolveu certa emoção à flor da pele que andava navegando em outros mares.
Na convivência e nas aprendizagens com as mulheres da própria família, a Mãe e as irmãs mais velhas (uma por DNA, outra por afeto), me vejo fazendo o que elas faziam. Nas rezas por todos, nas refeições preparadas, na ajuda a quem precisa, nas palavras e nos gestos, elas estão presentes.
Há também muito das tias e das primas em mim, das cunhadas e da sogra, das sobrinhas, da filha, da neta. Das amigas sinceras, daquelas que adoram flores e vinhos, das apreciadoras de bom futebol, das que respeitam as diferenças.
Foram muitas as mulheres em quem me inspirei para ser a pessoa que sou hoje, e tantas outras ainda me comovem com os exemplos de luta, as maneiras de reagir ao mundo, as poesias escritas, a condução das famílias.
Suas pitadas de sal e de especiarias, suas colheradas de doce e seus chás deram-me o melhor dos temperos para a vida. Obrigada a todas.
Cristina André
Publicado em 9/3/2019.
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