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Terça-feira, 16 de abril de 2024

28/01/2019 - 16h03min

Comportamento

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Negativos para um lado, positivos para outro

Vezes há em que me sinto tal qual o zero na Matemática, nem positivo nem negativo, apenas um marco a separar negativos de um lado, positivos de outro. Especialmente quando se trata de pensar em como será o futuro das crianças de hoje, no que vão trabalhar, como se apaixonarão; se constituirão família ou passarão quase todo o tempo em seus minúsculos apartamentos-casulos, alimentando-se de cápsulas e vivendo uma realidade virtual.

Verdade seja dita, ninguém faz a menor ideia de como será este amanhã que está a caminho, anunciando celulares no comando, notícias inventadas para o agrado de cada um, exibicionismos extremados, romances sem olhares se cruzando por acaso.

De um lado, os de sinal negativo em relação a um futuro tão digitalizado, gente que viveu antigas realidades, escolhendo presentes em prateleiras de lojas, preparando comida caseira, jogos de tabuleiro e contação de histórias com as crianças depois do jantar. Para a maioria destes, o mundo se tornará um lugar solitário e sem graça, de entregar e receber pacotes, namoros negociados por fichas de sites especializados em amores-perfeitos. Aconselham que vivamos à moda de antes, que conversemos sem pressa e pessoalmente com gente do nosso afeto o maior tempo possível, brindando à boa e velha vida batendo taças de espumante cuidadosamente escolhido. Porque, em breve, nada mais poderá ser como antes.

De outro lado, os que ostentam sinal positivo a uma vida futurista ao extremo, vibrando a cada novidade tecnológica que chega, dormindo em filas para serem os primeiros a obter o drone, o enorme par de óculos capaz de catapultar a um mundo fantástico que, demos vivas, ocupará obsoletos lugares e encontros de outros tempos. Ao contrário dos negativos, deste lado impera a crença em um mundo perfeito, cada um vivendo em companhia de si mesmo, sem horário para sair da internet, sem aliança nem casamentos, nada de crianças para cuidar. Criticam os outros, de além fronteira, por não abrirem os braços para este novo modo de vida que está chegando. Porque nada mais será como foi naqueles velhos e trabalhosos dias de antes.

Eis que, com certa frequência, tenho me sentido como o zero na Matemática, nem positivo nem negativo, apenas um marco a separar negativos de um lado, positivos de outro. E quando o assunto é imaginar como será o amanhã destas crianças de hoje, procuro expressar minha crença nos benefícios de se encontrar um meio-termo entre o virtual e a vida que pulsa em nós. De momentos na internet convivendo com outros de bons mergulhos no mar, de recados digitados seguidos de abraços calorosos, de cotovelos se batendo na preparação do jantar, da leitura de jornais e de escrever poesia.

Verdade seja dita, ninguém sabe como será o novo mundo que está a caminho. O certo é que ninguém viverá feliz sem as velhas e boas idas ao cinema, os inesquecíveis brindes de formatura, as histórias engraçadas contadas nos almoços de verão, as flores naturais postas no vaso da sala, os amores imperfeitos e reais atravessando o tempo.

Cristina André

[email protected]

Publicado em 26/1/2019.

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