02/01/2019 - 14h29min
Certa nostalgia me pega de jeito quando observo a última folha do calendário que me fez companhia durante todo o ano. Nos seus dias enlaçados de caneta vermelha, com anotações à moda antiga sobre compromissos, me surpreendo ao ver que todos já foram cumpridos.
De repente, o que parecia recém-vivido já está de malas prontas para algum lugar do passado, porque assim é a vida, essa magnífica senhora a comandar o tempo.
Para dar início às despedidas, puxo pela memória seletiva das felicidades de cada dia. Nas preciosas lembranças, o show do cantor que permitiu a este coração maduro tantas emoções juvenis; a caminhada tranquila pela famosa avenida da grandiosa cidade; a primeira leitura da criança que alegra nossas vidas; o piquenique no zoológico e a visita ao museu com a família.
Também houve tristezas neste ano, admito, porque são constantes as dores do mundo, mas aprendi que não devo deixá-las no comando da memória. Se o caminho a seguir é feito de momentos positivos e negativos se intercalando, adotei a atitude definitiva de valorizar cada detalhe que contribuiu com a minha felicidade.
Observo o calendário que me fez companhia durante todo o ano, volto no tempo folheando seus doze meses. Nos dias enlaçados de caneta vermelha, encontro jantares com amigos, passeios tranquilos, aniversários, formaturas, cafés, conversas corriqueiras, Natal. Nestas anotações à moda antiga sobre compromissos, percebo que foi um tempo feliz. E meu coração se enche de gratidão.
De repente, o ano que estava a nossa espera em um novo calendário bate na porta. Que seja bem-vindo esse desconhecido emissário da vida, a magnífica senhora que comanda o tempo.
Cristina André
Publicado em 29/11/2018.
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