Gazeta Centro-Sul
Quinta-feira, 25 de abril de 2024
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17/12/2018 - 13h57min
Comportamento
Adivinha quem vem para o jantar?
Arrumo enfeites na árvore que simboliza a própria vida quando o Natal se anuncia. Coloco pacotes de presente com laços de fita na base, e uma estrela brilhante bem no alto, para que não nos esqueçamos da preciosa ligação entre a Terra e o Céu. Em destaque na decoração da nossa casa, o presépio que fizemos, eu e minha neta, com sucata e amor nos corações.
Gosto que seja assim, cada dezembro de preparar o Natal, com seus símbolos a nos facilitar lembranças e agradecimentos, consolando-nos pelas saudades, mantendo amorosas presenças que nos acompanham vida afora.
Enquanto escolho quitutes a serem incluídos no cardápio natalino, muitas recordações tomam conta da vida que me arrebata. De repente, me vejo criança; ouço a irmã mais velha comentar sobre um filme que planeja assistir no cinema. O título é uma pergunta: “Adivinhe quem vem para o jantar?”. A cena faz parte dos flashes que minha memória insiste em manter intactos.
Fazendo a lista dos ingredientes e separando os pratos para a ocasião, meus pensares viajam no tempo. Eis que, em nova lembrança, já me reconhecendo gente adulta, encontro questionamento parecido no livro sobre afetos profundos que não me canso de reler. Há uma pergunta sugerida: “Quem você gostaria de convidar para fazer uma refeição em sua casa?”.
Anotações em andamento, lembranças de antigos natais chegando devagar, iluminando a sala e os enfeites. E no momento de ver como ficarão os novos e coloridos trilhos de mesa, com seus papais-noéis e suas renas para alegrar as crianças que virão, percebo que responder a mim mesma a tal questão sobre quem convidar para compartilhar a mesa neste final de ano é importante tarefa deste dezembro.
Natal chegando, faço anotações sobre presentes e amigos secretos. Com frequência, me encanta a simbologia da árvore, seus presentes na base e a linda estrela no alto ligando as coisas da Terra e do Céu.
O presépio feito de sucata e amor me faz criança outra vez. Lembro da irmã mais velha arrumando nossa árvore, colocando algodão em seus galhos para imitar neve. Como se fosse hoje, ouço ela dizer à mãe que pretende ir ao cinema. Penso na pergunta sugerida em meu livro de cabeceira e sigo o coração. Daqui a pouco, vou anunciar a cada um que chegar em casa.
Adivinha quem vem para o jantar?
Cristina André
Publicado em 15/12/2018.
