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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

01/10/2018 - 14h38min

Comportamento

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As Melhores Histórias do Mundo

Somos gente diferenciada, viajantes do tempo, testemunhas de transformações que as novas gerações certamente têm dificuldade de entender. Tivemos infâncias de jogar botão, craques feitos em forminhas no fogão a lenha, goleiro com caixa de fósforo; de jogar sapata nas calçadas, riscados feitos de pedra; varetas e cinco marias, verões saboreando puxa-puxas e correndo de sapos enormes nas pequenas praias de mar.

Por nossas casas, passaram telefones de muitos tipos. Nos primeiros anos, aparelhos de parede, sem o disco de algarismos, com uma peça específica para colocar junto ao ouvido, manivela na lateral. Nossas mães faziam ligações tirando o fone do gancho, girando a manivela. Uma telefonista atendia, perguntava qual era o número a chamar e mandava esperar; o telefone ficava no gancho até que a ligação se completasse.

Alguns anos mais tarde, quando a modernidade parecia ter chegado para ficar em nossas vidas ainda infantis, começaram a ser instalados aparelhos com o disco de algarismos, era possível ligar sem passar por telefonistas. Mas eram muito caros, e a instalação nas residências podia demorar mais de um ano; um conforto conquistado à base de economia e paciência, de contas com valores altos. Durante um bom tempo, foi assim.

Quando ouvimos falar que logo chegariam os dias em que todas as pessoas teriam seus computadores em casa, sabíamos apenas de máquinas enormes fazendo o trabalho para grandes empresas e universidades. Não éramos mais crianças, estávamos bem crescidos, frequentando cursos profissionalizantes, pesquisando em enciclopédias, satisfeitos pela instalação de orelhões na Capital, muito úteis para nos comunicarmos com nossas mães caso houvesse necessidade. E achávamos graça do exagero desses presságios tecnológicos futuristas.

Pouco tempo depois, apareceram diante de nós os primeiros telefones portáteis, sem fio, que podiam ser levados na cintura para onde seus proprietários quisessem. Imaginamos que seriam para poucos. Ledo engano, o nosso.

Em menos de uma década, andávamos pelas ruas carregando nossos celulares, tijolinhos falantes inimagináveis alguns anos antes. Também havia computadores em nossas casas, tínhamos dado adeus definitivo às preciosas máquinas de escrever, incluindo as elétricas.

Acelerados pelas modernidades que chegavam, nossas novas famílias sendo construídas, começamos a desdenhar dos velhos telefones caseiros, das enciclopédias que tanto conhecimento nos deram. De repente, viramos afoitos fotógrafos de nós mesmos, cinegrafistas de tudo. Paramos de escrever cartas, de receber cartões e telegramas, saímos do clube do livro e nunca mais tivemos que mandar revelar filmes em lojas especializadas.

As reuniões dançantes e os toca-discos, o discurso de Martin Luther King e o sonho de conhecer John Lennon, quanto tempo faz!

Somos, mesmo, gente diferenciada. Seguimos viajando, atônitos e encantados com tantas mudanças. Da infância feita de simplicidade e natureza à vida adulta de digitar conversas e abraços, acompanhamos todas as grandes transformações.

E a vida, agora percebemos, nos presenteou com uma felicidade única, a de sermos donos das melhores histórias do mundo.



Cristina André

[email protected]

Publicado em 29/9/2018.

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