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Terça-feira, 23 de abril de 2024

10/09/2018 - 15h06min

Comportamento

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Café, Conversas e Cantorias

As conversas em volta da mesa, depois do almoço que se anunciava delicioso desde a porta da frente, eram o ponto alto de cada um daqueles feriados nossos. Família reunida na casa materna para celebrar o patriotismo em suas datas importantes, com debates cheios de personalidade, cada um falando a seu modo, entusiasmados professores, e ouvindo na hora devida, mostrando-se apenas aprendizes.

Discordando com naturalidade, assim fomos descobrindo a grandiosa riqueza cultural e afetiva que é capaz de brotar em um ambiente plural de idades e ideias, singular em afetividade, sonhos e boas lembranças.

Os assuntos, em parte, eram relacionados com acontecimentos que chegavam estampados nas capas daquele respeitado jornal, de folhas tão grandes que era aberto sobre o tapete da sala para facilitar a visualização e a própria leitura. Como a chegada do homem à Lua, os festivais de música brasileira, o primeiro transplante de coração, os mistérios da guerra fria, o próximo grenal.

Naqueles dias de relógios despreocupados, ouvindo casos antigos ao sabor de boa sobremesa com café recém passado, hoje compreendo bem, a felicidade dava ares de sua graça lá em casa. Ficávamos ali, lembrando de criancices, planejando passeios e novos encontros, até que a tarde sinalizasse sua despedida, e a Música pedisse licença para ocupar o seu espaço em nossa mesa.

A pesada gaita da primogênita, então, saía da caixa para que a exímia tocadora começasse a embalar nossos sonhos, antigos e novos. Enquanto ela afinava o instrumento, mais um café era passado para acompanhar as geleias e o pão feitos em casa que seriam levados à mesa nos intervalos daqueles extraordinários saraus. Na chegada da noite, estávamos cantando. E as horas seguiam se espreguiçando, faceiras, na beleza daquelas melodias.


Tempos nada modernos eram aqueles, de conversar e cantar durante horas a fio em torno da mesa, olhando nos olhos das pessoas, entendendo que a pressa realmente era inimiga da perfeição. Não queríamos arredar pés nem corações dali.

Naqueles feriados nossos, depois do almoço, a família seguia reunida na casa materna. Descobrimos que há grandiosa riqueza cultural e afetiva em um ambiente plural de idades e ideias, singular em afetividade, sonhos e boas lembranças.

Aquela conexão presencial deixou marcas inconfundíveis em nós, que hoje acompanhamos esse mundo novo acontecendo com tanta pressa. Andamos pela vida carregando corações tatuados de antigo e precioso romantismo. Graças à felicidade, vestida de café, conversas e cantorias, que dava ares de sua graça na casa materna em todos os feriados.



Cristina André

[email protected]

Publicado em 7/9/2018.

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