18/06/2018 - 13h59min
A conquista do tricampeonato de futebol, na Copa do Mundo realizada no México, em 1970, retrata um tempo fadado ao esquecimento para as novas gerações, sobre o qual provavelmente saberão muito pouco. A menos que nós, testemunhas vivas daquele antigo e ingênuo romantismo, resgatemos as histórias vividas.
Naquele junho verde-amarelo, a Seleção Brasileira, treinada por Zagallo, venceu a poderosa Itália por quatro a um (gols brasileiros de Pelé, Gerson, Jairzinho e Carlos Alberto), ficando com o título. E a sonhada Taça Jules Rimet veio para as terras brasileiras, em definitivo, porque era a terceira Copa. A primeira tinha sido na Suécia, em 1958, em jogo final com a seleção anfitriã; e o bicampeonato veio em 1962, no Chile, vencendo a Tchecoslováquia – que mais tarde se transformaria em duas nações: República Tcheca e Eslováquia.
Nossa torcida vivia uma ditadura militar há seis anos quando o Brasil entrou em campo, na cidade de Guadalajara, para a partida final. E ninguém imaginava que o regime de exceção se estenderia por mais três Copas, terminando um ano antes do Mundial de 1986, que, por coincidência, aconteceria outra vez no México.
Eu não conhecia o significado histórico de uma ditadura para o País, ainda não ingressara no universo adulto; tampouco sabia sobre a importância do gosto pelo futebol para unificar a Nação Brasileira, dando-lhe identidade única diante de tantas diferenças regionais. Mas descobri, naquela tarde de ingênua felicidade pelo tri, que era muito bom ver o Brasil como vencedor.
Terminada a partida final, saímos pelas ruas da cidade no fusca do cunhado e da irmã, o Nei e a Maria Rina. Participamos da carreata, com buzinas tocando em idas e vindas do Centro até o Shell, do Ermo ao Parque 35.
Bandeirinhas tremulando janelas afora, cantávamos o hino feito especialmente para a Seleção Brasileira:
“Noventa milhões em ação, pra frente, Brasil, do meu coração. Todos juntos vamos, pra frente, Brasil, salve a Seleção! De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão. Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração! Todos juntos, vamos, pra frente Brasil, Brasil, salve a Seleção! Todos juntos, vamos, pra frente Brasil, Brasil, salve a Seleção!”
Em 1994, nos Estados Unidos, de novo vencendo a Itália, nos tornamos tetracampeões. E no ano de 2002, na Copa do Japão em parceria com a Coreia do Sul, conquistamos o penta na disputa com a Alemanha.
Sobre esta Copa do Mundo que acontece em Moscou, minha neta Isabela deu a melhor de todas as razões para torcermos: “O Brasil já tem cinco pontos, se conseguir ganhar essa, vai ficar com seis e será hexa. Já pensou?”.
Cristina André
Publicado em 16/6/2018.
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