Gazeta Centro-Sul

Contato: (51) 3055.1764 e (51) 3055.1321  |  Redes Sociais:

Quarta-feira, 24 de abril de 2024

16/04/2018 - 14h07min

Comportamento

Compartilhar no Facebook

enviar email

Colheradas de Tempo

Há um mundo encantado a ser visitado quando preparamos uma boa refeição caseira para a família, um bolo para o café da tarde com as amigas, uma sobremesa especial para o jantar em que receberemos amigos queridos. Toda a delicadeza é necessária neste tempo de desembarque do vaivém das ruas para uma parada estratégica no lugar que é nosso aconchego. E cada detalhe se faz mágico, da toalha que será estendida sobre a mesa aos copos para água, os cálices para o vinho. Serão para sempre lembrados, esses momentos de compartilhar o alimento com as pessoas queridas.

Minha professora de arte culinária foi a Mãe, tenho procurado seguir os preciosos ensinamentos daquela dedicada e alegre filha de imigrantes italianos. Ao ouvir seu nome, imediatamente me vem à memória uma incansável preocupação com a boa mesa, desde a escolha dos ingredientes até o ritual de cada preparação. Com ela, aprendi que é preciso acreditar na parceria entre a simplicidade e o sabor, sempre temperada com a criatividade e o prazer de realizar esse trabalho, mesmo que muitas vezes pareça difícil.

Paciência e concentração faziam parte do comportamento adotado pela Mãe ao fazer o doce de abóbora de casquinha crocante e interior macio e molhadinho de boa calda. No tacho de cobre, que passava tardes inteiras enfeitando o fogão a lenha, também víamos com certa frequência metades de laranja amarga, cuidadosamente raspadas na véspera, mergulhadas em água e açúcar, acompanhadas de cravos-da-índia e lascas de canela, cuja importância fui compreender anos mais tarde. Doces em calda que tinham aromas inconfundíveis, porções de afeto e dedicação a todos nós.

Tudo acontecia parecido na casa de cada uma das tias, com suas reuniões em volta da boa mesa, suas sobremesas a receber elogios rasgados de toda gente. Avistando aqueles tachos de cobre, preparando figos e ambrosias, nos sentíamos em casa.

Há muito mais do que simples sobrevivência na tarefa de alimentar pessoas da família e gente amiga. Ao servirmos uma refeição caseira bem preparada, um bolo para o café da tarde, uma sobremesa, muito da nossa felicidade está nos condimentos escolhidos, ali estão colheradas do nosso próprio tempo, o melhor dos presentes. E toda delicadeza é pouca nestes momentos especiais, cada detalhe se fazendo de caloroso abraço.

Preparar refeições, compartilhar a boa mesa com as pessoas que queremos bem, eis a melhor de todas as receitas para a felicidade. Gestos amorosos que serão para sempre lembrados.



Cristina André

[email protected]

Publicado em 14/4/2018.

Últimas Notícias

Este site da Gazeta Centro-Sul s
Ler mais

Aulas Presenciais em Guaíba
Ler mais

Monumento Farroupilha
Ler mais

Publicidade

Institucional | Links | Assine | Anuncie | Fale Conosco

Copyright © 2024 Gazeta Centro-Sul - Todos os direitos reservados