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14/08/2017 - 10h31min

Comportamento

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Apenas Sete Anos

Preciso viajar no tempo para escrever sobre o Pai, sobrevoar minha infância primeira às margens da Lagoa dos Patos. Foi naqueles dias de criancice que, de repente, ele perdeu a vida, deixando tristeza e saudade nos quatro irmãos, consolados pela fortaleza do afeto materno.

Minhas memórias paternas são feitas muito mais de histórias, documentos e fotografias do que convivência, mais de ausências do que presenças. Tivemos apenas sete anos, eu e o Pai, para nos conhecermos, e neste curto espaço tornaram-se inesquecíveis certas cenas em família.

Lembro-me de almoços caseiros, eu e meus irmãos à mesa com a Mãe, o Pai sentado na cabeceira. Me encantava ver seu sorriso tranquilo, demonstração de alegria por compartilhar as refeições conosco. E das noites em que, sentindo medo de ficar no escuro à espera do sono chegar, encontrava sua mão estendida, acalmando como por encanto meu pequeno coração.

Com a vida seguindo em frente, descobri que havia muito do Pai nos meus dois irmãos, do seu olhar carinhoso e da sua alegria, da atenção para comigo e do gosto pela música. Na aparência de cada um deles, um toque que os identificava como filhos. Em pequenos gestos, como nos olhares saudosos lançados ao horizonte quando conversavam sobre outros tempos, mesmo em plena juventude.

Seguiram os passos do nosso Pai, os meus irmãos. Aprenderam a lição que Ele ensinou sobre cuidar bem da família, a importância de uma boa escola para as crianças, o gosto pela mesa farta, as descobertas pela leitura. Sou muito grata a eles por me permitirem continuar sendo criança depois da dolorosa despedida.

Quando penso no Pai, viajo no tempo, costumo sobrevoar a infância primeira, busco natais e aniversários acontecendo na pequena cidade às margens da Lagoa dos Patos. Naqueles nossos dias de crianças no colégio de freiras, repentinamente, Ele perdeu a vida. Minhas lembranças paternas, então, precisaram ser construídas com ajuda de histórias, documentos e fotografias; pela presença dos irmãos.

Tivemos pouco tempo de convivência, eu e o Pai, mas foi tudo inesquecível. Apenas Sete Anos.

Cristina André

[email protected]

Publicado em 12/8/2017.

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