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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

06/02/2017 - 13h00min

Comportamento

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Lições de Salvador

Estamos sempre aprendendo. Seja pela simples leitura de uma notícia de jornal ou na observação do que acontece ao nosso redor, assistindo um filme ou uma partida de futebol, a todo momento é possível nos depararmos com ensinamentos interessantes, sobretudo inesperados. E saber ouvir as outras pessoas, independente de sua origem ou formação acadêmica e cultural, é o lugar cativo das melhores lições.

Foi assim, conversando sobre viagens com um casal de argentinos que se hospedava no mesmo hotel em que estávamos, na capital italiana, alguns anos atrás, que percebemos o pouco que conhecíamos desse gigantesco e belo país chamado Brasil. Os dois viajantes hermanos sabiam muito mais do que nós sobre as grandes cidades brasileiras, as praias e as florestas; percorriam milhares de quilômetros, de tempos em tempos, encantados pela natureza e a cultura das infindáveis terras nossas.

Como fruto daquela conversa casual e agradável com os momentâneos amigos portenhos, nasceu o projeto de visitarmos as capitais brasileiras; todas. Não para ficar um dia ou dois passando pelos pontos turísticos, mas no mínimo uma semana, conhecendo bairros, assistindo shows e caminhando sem pressa; conversando com as pessoas para aprender sobre o lugar.

Nestas férias de verão, Salvador foi o nosso destino. Aprendizes do Brasil, voltamos com ensinamentos novos, mitos populares e políticos caídos por terra.

O Pelourinho, que eu acreditava ser um lugar perigoso e de pouca beleza, foi a maior de todas as surpresas. Prédios restaurados, ruas com gente de toda parte e policiamento capaz de deixar qualquer turista saltitante; entre igrejas com suas obras de arte e restaurantes típicos, a camaradagem baiana ao estilo soteropolitano foi grata constatação.

Na orla, feita de calçadão e praias, farol cheio de histórias e porto movimentado, revitalização é a nova ordem, atingindo muitos bairros da cidade, como o Rio Vermelho, com seus bares de música ao vivo, shows dividindo espaço com as tendas de acarajé e de artesanato. Onde em outros anos nada de positivo acontecia.

É um lugar de muita pobreza, Salvador. No trajeto do Aeroporto até a Barra, o abismo social da primeira capital brasileira assusta com suas inúmeras favelas; no contraste da ida até o novo shopping, eis que surge uma cidade luxuosa, com seus prédios enormes e suas lojas extravagantes.

Neste viver de contrastes extremos, se ajeita como pode o povo local. Gente movida pelo Sol que quase não dá trégua, carregando uma musicalidade indescritível que parece vir da alma, desfila um quê de felicidade expresso em sorrisos e alegria.

Foi conversando com um casal de baianos que aprendi algo importante sobre os demais moradores de Salvador: por lá, me disseram eles, as pessoas trabalham para ganhar dinheiro e se divertirem, não para guardar e comprar coisas valiosas.

Sobre o jeito vagaroso de andar e de fazer as tarefas, que eu julgava ser preguiça, entendi que é uma maneira inteligente de conviver com o calor intenso.

Estamos, mesmo, sempre aprendendo.

Cristina André

[email protected]

Publicado em 4/2/17.

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