30/01/2017 - 16h16min
Não está fácil ser médico nesse País. Críticas a estes profissionais aparecem no noticiário, na propaganda política, na novela. O objetivo dessa citação não é defender ninguém nem demonstrar corporativismo, mas, sobretudo, comparar cenários conflituosos.
No Brasil, por exemplo, tudo é culpa do Estado: violência, insegurança, depredação de patrimônio público, estradas esburacadas, hospital sem recursos, inflação, falta de professores nas escolas, aumento do preço da gasolina. Qual é a responsabilidade individual e coletiva sobre o andamento do País? Cuidar da própria vida e do destino sempre será assunto individual, não depende apenas de ações de governo.
No assunto polêmico, que é o tratamento prescrito pelo médico, as pessoas têm que se responsabilizar por seus próprios atos, o profissional não pode assumir tudo sozinho. A ideia de muitos brasileiros, atualmente, é: “Minha pressão continua alta porque o remédio e o médico do posto são ruins”, porém, geralmente, boa parte deles não toma a medicação corretamente, não reduz o sal na comida, não pratica exercícios físicos. O indivíduo não tem nenhuma participação no sucesso do tratamento? Isso depende só do médico?
O que existe de equiparável no exercício da Medicina e da política no Brasil? Certamente, o embate entre a postura paternal e os princípios da justiça social e da autonomia individual. É imprescindível que o doente conheça o seu corpo, busque informações sobre as suas enfermidades, participe ativamente do tratamento, isto é, seja atuante, consciente e reformador. Da mesma forma, cabe ao cidadão ter conhecimento sobre as estruturas e o funcionamento do governo, das necessidades coletivas, participando efetivamente da administração.
Se o paciente tem diabetes e a enfermidade ainda não está bem controlada, deveria pensar: “Além da medicação prescrita pelo médico, quais outras medidas devo tomar individualmente para agregar êxito ao tratamento?”. Todavia, o pensamento de muitos é: “O remédio não é bom e o médico não presta”.
Se o residente de um determinado bairro está incomodado com um terreno baldio que junta lixo, insetos e andarilhos, deve debater com outros habitantes da comunidade como melhorar o lugar e quais ações coletivas poderiam contribuir na solução desse problema. Contudo, a postura que predomina é reclamar, culpar o governo pelo inconveniente e ficar aguardando o desfecho.
Quando os brasileiros vão adotar o comportamento de agir, participar, transformar, sair da passividade, da posição de espectadores do destino? Quando vão parar de se queixar e atribuir todos os infortúnios da vida aos outros?
Cidadania é a chave para o desenvolvimento e a saída para a solução de inúmeros problemas individuais e coletivos. E é sempre bom refletir: “O indivíduo pode terceirizar tudo na vida, exceto a responsabilidade por seu próprio futuro”.
Cristina André está em férias.
Publicado em 28/1/17
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