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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

09/03/2015 - 13h59min

Camaquã

Manifestações violentas em Camaquã

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Em 1996, ano da última grande enchente no município, Camaquã foi manchete na mídia nacional quando moradores de vários bairros se reuniram e, a golpes de picareta, abriram a BR-116 a fim de dar vazão para a água no trecho que obstruía a Sanga do Passinho e inundava principalmente o Bairro Getúlio Vargas. Quase vinte anos depois, na mesma BR, mais uma vez a cidade é notícia nacional. Desta feita, em virtude da manifestação dos caminhoneiros.

A mobilização dos caminhoneiros na Metade Sul teve início com bloqueios em Camaquã, no dia 19 de fevereiro, com paralisação do tráfego na BR-116: km 389,9 (Posto Molon), (Posto Sim); km 401,2 (Posto 125); e também no km 454 (Posto Coqueiro), em São Lourenço do Sul. O clima ficou tenso e em vários momentos a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) precisaram intervir para desbloquear a pista.

No domingo, 1° de março, a situação se agravou quando pneus foram queimados na BR-116 em frente ao Posto Sim. Bombeiros foram acionados e apagaram o fogo. A PRF, com apoio da FNSP, voltou a agir visando manter livre a faixa de domínio da rodovia federal (sem veículos parados), assim como garantir o direito constitucional de ir e vir do cidadão, inclusive de caminhoneiros que queriam seguir viagem sem participar do protesto. Diversas equipes e um helicóptero da Polícia foram empregados na operação.

Contudo, naquela noite, por volta das 22 horas, manifestantes - entre caminhoneiros e adeptos ao movimento - atearam fogo em um carro no meio da BR-116, no km 397,9, a cerca de 40 metros do acesso norte à cidade de Camaquã. Pneus e até uma árvore foram queimados às margens da pista. Uma viatura da PRF foi apedrejada enquanto os agentes realizavam o controle de trânsito para que os bombeiros pudessem apagar o fogo. O tráfego de veículos ficou interrompido nos dois sentidos por cerca de 50 minutos até a retirada do automóvel incendiado.

Protesto de Entidades e Ação Policial

Devido à paralisação dos caminhoneiros, estava faltando combustível e outras mercadorias no comércio da região, além de fazer uma semana que os produtores de leite jogam fora o produto por falta de transporte. Camaquã possui aproximadamente 50 produtores que fornecem leite para Danby Cosulati, de Pelotas.

Neste clima de tensão, entidades declararam apoio ao movimento. Com a participação da Associação dos Arrozeiros, do Sindicato Rural de Camaquã, ACIC, Sindilojas Costa Doce, CPERS Sindicato, Associação dos Aposentados, e outras entidades, o comércio camaquense foi convidado a fechar as lojas e participar de uma carreata, na tarde de segunda-feira, 2, pelas ruas centrais de Camaquã.

A concentração ocorreu às 16h, na Av. José Loureiro da Silva, próximo ao trevo de acesso norte da BR-116, local de maior agitação. A carreata mobilizou cerca de dois mil veículos, entre máquinas agrícolas, caminhões, automóveis e motos, transcorrendo de forma pacífica, além de receber apoio de parte do comércio local, que cerrou portas, e também de espectadores que acompanhavam o evento no centro da cidade e aplaudiam os participantes enquanto repetiam palavras de ordem.

Simultaneamente, tropas de choque da PRF e da Força Nacional de Segurança Pública voltaram à BR-116, e o Corpo de Bombeiros foi chamado para apagar pneus que estavam sendo queimados em frente ao Posto Sim. Uma grande aglomeração começou a se formar nas imediações junto ao pórtico da cidade. Ato contínuo, tropas de choque começaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra as pessoas e profissionais de imprensa que ali estavam. Em seguida, foi flagrado um grupo de policiais em três motos lançando spray de pimenta contra algumas pessoas que estavam paradas do lado da avenida.

Diante deste quadro, pessoas que ali estavam, curiosos na maioria, se revoltaram contra aquela atitude. Quando terminou a carreata, alguns participantes se uniram e então começou intenso conflito. Madeiras foram queimadas e os manifestantes passaram a revidar, jogando pedras e proferindo xingamentos. No final da noite, o grupo que que confrontava à distância com as tropas de choque era formado por cerca de dez pessoas, que promoveram vandalismo e impediram o trânsito de veículos no local – segundo relatos, não tinham nenhuma ligação como o movimento dos caminhoneiros. Logo o trânsito passou a fluir normalmente na BR-116 e nos trevos de acesso à cidade. Policiais militares do BOE de Porto Alegre foram acionados e assumiram o lugar das tropas de choque até a dispersão total. 

Como saldo do conflito, pelo menos seis pessoas, além de dois policiais rodoviários, ficaram feridos; e três manifestantes foram presos. Além disso, houve registro de muitos danos materiais, como vidros quebrados, cápsulas de balas de borracha e de gás lacrimogêneo espalhados pelo chão, restos de pneus e madeira queimados, e a lateral do pórtico danificada – obra emblemática que retrata duas imagens: uma cena da Revolução Farroupilha e agricultores na colheita de arroz.

Foto: Adílio Jr.

Publicado em 7/3/15.


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